
Acho que este será minha última postagem antes do meu aniversário.
Vou aproveitar o charme dos Trinta Anos para falar de coisas que sei que vou passar mais trinta pensando.
Um dia desses numa aula, lá na Puc, vi o documentário " Notícias de Uma Guerra Particular" (antes tarde do que nunca).
Salve João Moreira Salles!!!
Salve a Professora Adriana, e todas as (raras) professoras competentes do mundo!
Pensei no filme sob a lógica de uma máxima, presente no livro Cabeça de Porco " Não serás outro, para que eu permaneça o que sou" e aí... acordei !!
... entendi umas coisinhas bem fundamentais.
O documentário retrata inúmeros aspectos socias do Morro.
Quando digo Morro, falo de favela mesmo.
Não teria competência teórica para discutir nenhuma das questões apresentadas no documentário, com profundidade mas o fato é que pude generalizar essa aprendizagem para meu espaço ultra-micro, e isso teve um valor fenomenal.
Não serás outro, está inscrito em cada um de nós de inúmeras formas.
Ser outro perturba a ordem!
Sinaliza para a condição individual da miséria e sobretudo sinaliza a existência de alternativas e a mudança.
Não serás inteligente!
Se for inteligente, serás feia!
Não serás Psicóloga e sendo, não se casará!!
Não serás Madrasta!
Sendo Madrasta, não serás amada!
Não irás prá Salvador casada, para curtir o melhor carnaval do mundo.
Não serás professora e caso seja, que seja Tia.
Não terás cérebro!
Não usarás sapatos de salto, para não parecer elegante...se é que vocês me entendem!?
Eu me pergunto onde eu fui arrumar tanta raça para tanta transgressão?
Isso eu não sei mesmo, mas estou certa de que ultimamente tenho tido um certo orgulho de mim mesmo.
Isso aumentou após o filme.
Eu já sentia , entendia mas aprendi a nomear.
Eu notei o quanto é forte esse mecanismo de nossa cultura, como esse processo nos congela em determinados lugares e quão dificil é romper com essa lógica, mesmo que seja na vidinha nossa de cada dia.
Lamentável que seja assim.
Sei bem o peso de cada bandeira que levanto, mas sei bem que cada uma delas me sustentam num lugar ético, digno, e invejável.
Sem saber nomear e antes de ler, me constitui outra sendo a LU.
Que Deus me dê sabedoria para seguir sendo a Lu ( nesse instante e sempre) para o bem dela mesma e porque é mais bonito. Postagem inspirada em mim, meu presente de aniversário!!

2 comentários:
Mais uma vez, Amada Lu:
Acho que posso falar um pouco sobre você porque te conheço há exatos 20 anos. Ser Lu nunca foi fácil. Aos 11 anos de idade, você já demonstrava este estilo único de ser, escrita afiada e cortante, senso crítico apurado, aliado à uma elegância incomum a uma, na verdade, criança da nossa idade na época.
Eu te admirei e odiei ao mesmo tempo. Eu queria ser você. Queria ser vista e admirada como você. E confesso que isto me ajudou muito, porque encontrei minhas próprias formas de ser vista: desenvolvi meu próprio estilo literário, aprendi a tal matemática e a tal física que ninguém aprendia. Me virei como pude...
Conviver com você exige grandeza da gente, minha amiga. Você é tão admirável que nos faz pequenos e, nos sentindo pequenos, só temos duas alternativas: ou a gente cresce nas possibilidades que tem, ou a gente permanece pequeno e tenta de derrubar.
Já houve quem optasse pela segunda alternativa. Mas essas pobres criaturas continuarão na pequenez, porque nada de mal irá te atingir, minha querida amiga. Deus está a seu lado e jamais irá permitir, porque foi Ele quem te fez grande, quem te fez única, transgressora, amável e invejável.
Obrigada por me fazer querer ser mais. Obrigada por me fazer enxergar que não sou de me acovardar, sou ser de crescimento, de maravilha. Isto aprendi com você, com sua BELEZA que exala por todos os poros, do corpo e da alma. Linda Lu, linda amiga!
Amo você e Feliz Aniversário de antemão.
Seja sempre Lu, doa a quem doer!!!
Beijo!
AH! Carminha
Você sempre me emociona!
Sou grata à Deus por ser o que sou e sei a "dor e delícia" de ser LU.
Sou grata, ainda mais porque tenho você na minha vida há 20 anos.
Me lembro, como se fosse ontem, do seu telefonema me falando de sua decisão de mudar de curso!!
Mas me lembro inclusive, que aos 14 anos, você já falava que seria Psicóloga e me explicou o que era ser Psicóloga.
Carmen Psicóloga, minha amiga e agora minha SUPER visora, no Crescer.
Olha só os significantes.
Não precisa ser Freudiana, é só ler.
Você hoje, além de tudo , é minha referência profissional!
Me sinto feliz em ser grande e também em poder ser pequena, para caber no seu colo.
Isso é o que eu gostaria que acontecesse com TODAS as mulheres!
Eu sonho com o dia em que ser Lu, Carmen, Silvana, Ana Lucia, Mônicas não seja um acontecimento mas desconfio que para tornar-se admirável, a mulher precisa apostar em seu amor-próprio.
E para essa aposta terá que encontrá-lo.
E aí... minha querida amiga, supervisora, afilhada...haja fé.
Eu não perco não!
Tenho fé em Deus, em mim e nas mulheres.
beijão
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