24 maio 2007

Eu vou

Eu também vou atravessar o oceano!
Basta que eu me lembre que eu passsei quatro horas no LIFECENTER (apesar do nomezinho não é shopping) ontem e saí com uma receita médica RIDíCULA!!
Lembrar que trabalho onze horas por dia!
Lembrar que vou envelhecer no Brasil e em tudo que isso representa.
É muito mais fácil atravessar o oceano, que ser Educadora, Psicóloga, Mulher e ter Cérebro!!
Acho mais fácil comprender que não consegui me fazer entender por não dominar o idioma.
Basta lembrar da minha alergia!!
Não precisa ser Psicanalista!!
Crises consecutivas de ALERGIA!!
Preciso mudar esse R de lugar ou então me mudar!!


Post inspirado numa amiga que fica na dúvida se vai ou não para a Noruega!
E se eu não te ligar nunca mais é porque fui!!!

3 comentários:

Anônimo disse...

Querida Lu:

Entendo demais a sua indignação. Temos de fato vários problemas no Brasil: atendimento médico de péssima qualidade, trabalho árduo mal remunerado, poucas oportunidades de crescimento profissional - especialmente para mulheres - independente da competência e homens que são uns verdadeiros folgados, medrosos, inseguros, não assumem nem o próprio desejo, quanto mais as próprias decisões.

Realmente a Noruega é melhor em alguns quesitos, sim: a saúde por exemplo é mais eficiente, embora lá também eles cometam erros, principalmente quando os pacientes são negros africanos refugiados. Recentemente uma garotinha africana de 5 anos recebeu uma "injeção" num local inadequado na coluna e ficou tetraplégica. E ninguém está nem aí para isso. Se fosse uma branca, loura, de olhos azuis, norueguesa "puro sangue", seria o fim do mundo.

Lá os imigrantes são tratados como lixo e eles se acham os maiores benevolentes do universo por "receberem" imigrantes. Recebem, sim, mas não dão as menores possibilidades de inclusão. Praticam um assistencialismo da pior categoria, dando um salário de fome por mês para a pessoa, mas jamais uma oportunidade de trabalho digno.

A educação infantil também não é lá essas coisas. Aliás, não existe educação infantil. As crianças antes de sete anos ficam em creches que não ensinam nada, apenas "tomam conta" das crianças durante o período que os pais estão no trabalho. Isto é, não é nenhum paraíso.

A única coisa que me faz pensar que a Noruega é infinitamente melhor que o Brasil é em relação ao comportamento dos homens. Lá - talvez até pelo fato de ter mais homens que mulheres - os homens querem compromisso, querem formar família, querem ser pais. Isto ainda é valor para eles. Ninguém tem intenção de passar o resto da vida na balada, dando em cima da primeira "cachorra" que apareça. Se eles vão para a balada, eles deixam os filhos com alguém da família e vão se divertir COM a esposa e amigos. As redes de amizade lá também são mais sólidas, as pessoas não se abandonam por motivos torpes ou incompreensões infantilóides.

Bem, então é isto, a Noruega não é perfeita. Entretanto acho que tenho muito boas idéias sobre como resolver os problemas de lá, tanto em relação aos imigrantes quanto em relação à educação infantil.

Já o Brasil, por outro lado, não é perfeito mesmo, mas também pode ser mudado em todos os aspectos, basta que a gente se una. A única coisa que não vai mudar é o machismo desmedido e a idiotice masculina, porque não acredito que seja uma coisa cultural. Pela primeira vez na vida, vou fazer uma declaração absolutamente biologizante, mas acho mesmo que a idiotice completa dos homens brasileiros é GENÉTICA. Não tem solução. Quem quiser ter um homem decente tem que procurar em outro país MESMO.

Todavia, o Brasil não se faz só de idiotas do sexo masculino. Se faz também de amigas queridas, batalhadoras, valorosas e fiéis. Se faz de noites de samba maravilhosas. Se faz de música de altíssima qualidade. Se faz de belezas naturais inigualáveis. Se faz de crianças maravilhosas, inteligentes, bem educadas, porque nossa educação infantil é nota mil. Se faz de gente solidária, incapaz de um gesto de sarcasmo (este último bem comum aos noruegueses). Se faz de pessoas - homens e mulheres - que trabalham arduamente pela mudança e justiça social, embora tudo funcione contra o labutar deles.

E nós, desde que inventaram a inseminação artificial, não precisamos mais de homens para nada. Homens são objetos dispensáveis e inúteis, assim como uma luminária da Maria Alice Decorações. Dão até um certo charme na casa no início, mas depois começam a passar despercebidas, para progressivamente se tornarem aversivas, fora de moda e necessitarem ser trocadas por um modelo mais novo. Homens são apenas isto: objetos que rapidamente se tornam obsoletos e dispensáveis.

Não há motivo para alergia, minha amiga. Sejamos alegres onde estivermos porque o valor não está no lugar e sim em nós mesmas, em nossa dignidade pessoal.

Beijos.
Carminha

Luciana Barros disse...

AH...Carminha

Depois de uma boa noite de Samba e de ler o seu "Pedágogico" só tenho a dizer que o R eu posso mesmo trocar de lugar, nem acho difícil...
Acho mesmo que o que existir de melhor, está em nós e vai conosco.
Entretanto...tem um moço, num país gelado que faz aulas de Língua Portuguesa, porque vai se casar com uma moça brasileira.
Ele só quer mesmo ser gentil com os amigos e familiares da moça, além de tudo de bonito que ele já mostrou que quer...
Assim, entre viver no gelo ou ter que conviver com gente gelada, fico com a primeira opção.
Especialmente se considero que esse moço aí, que está aprendendo a falar Português, ao que me consta...é prá lá de quente!

Anônimo disse...

Lu:

A gentileza do norueguês que estuda português realmente é inigualável. Aliás, inigualável ele é em todos os sentidos. Foi por isso que Jesus me deu presente, mesmo que seja por pouco tempo.

Ainda assim, serei eternamente grata.

Beijão.
Carminha