30 setembro 2013
Irreal,virtual ou surreal?
A rigidez com a qual fui educada contribuiu para que desenvolvesse um mundo interno desdobrável e colorido.
Gostava de ler!
Podia ficar em casa com amigos e vi a adolescência frenética passar enquanto escrevia , estudava, fazia ballet e namorava.
Tudo isso despertou ou aprimorou minha habilidade para procurar,ouvir,sair da superfície.
O mar eu vi, aos 18 anos!
Enquanto isso me ocupava do que o mundo me oferecia, observadora e curiosa por compreender as relações entre as pessoas.
Não demorou para que eu percebesse que esse universo interpessoal tinha a dimensão do mar.
Hoje.... menos introspectiva, curiosa como sempre e um pouco mais segura comecei a colocar minhas dores e desesperanças na janela.
Sortuda que sou, me deparo com a realidade que promovi sem perceber: Gente de verdade atrai gente de verdade.
Os tempos são muitos!
Nesse mundo da Era do Zero,(antes fosse do gelo porque gelo derrete com abraço) eu venho na contramão somando, SÓamando e festejando as coisas boas com entusiasmo desesperado de quem não economiza afeto
Desesperada? Sim porque agora a coca é zero, a felicidade fez morada no Facebook e a beleza no Instagran!
O politicamente correto vai retirando o respeito do circuito em nome de uma hipocrisia disfarçada de polidez.
Os significantes vão se esvaziando.
Mudanças na paisagem!
O mar deu lugar à uma montanha de gente solitária, triste, competitiva e inerte.
E tudo me fez lembrar de uma propaganda romântica de doer.
A moça caminhava e era surpreendida por um desconhecido que lhe oferecia flores.
Hoje as flores são entregues à moda Caio Castro e a disposição para encontrar pessoas, falar, ouvir com interesse,opinar honestamente (discordar e reclamar entra aí) é praticamente obra de conspiração divina e não acontece nem nas novelas.
Na vida real, sigo colocando minha coleção de imperfeições na vitrine por uma questão adaptativa.
Alguns olham e se aproximam, outros correm desconfiados...
Eu até compreendo os desconfiados, mas só consigo amar os corajosos.